segunda-feira, 19 de julho de 2010

Passarela



Era o ponto mais alto daquele local , acompanhava as pessoas que passavam por debaixo , só aqueles seres me interessavam , os que passavam por debaixo da passarela .
As pessoas não percebiam o quanto delas eu via, e o quanto eu me sentia uma nata observadora ,o vento passava pelos meus cabelos e sentia frio , era um dia de inverno não típico daquele estado , estava anormal , de certa forma um gosto diferente ,ao todo parecia pequenas porções de poder que estava sendo ganho, por mais minutos me senti mais dona de alguma coisa valiosa , de algo que pareceu sobressaltar aos dos outros seres , A ALTURA .
A altura , o vento , a noite , os detalhes que só EU observava .

“...O casal passou brigando , ela puxava o filho que estava em um mundo paralelo referente a sua idade , e ele já não fazia mais parte daquele casal , ela tentava resgatar , de uma forma desastrosa .
A senhorinha comprava dois guarda-chuvas, o mais colorido era pra sua neta e o mais fosco era para si, não queria chamar atenção .O camelô que vendia seus guarda-chuvas, monitorava suas moedas, trocos e vendas de uma forma severa, estava realmente precisando daqueles lucros de forma urgente .
O garoto que passou por mim com passos longos e corridos , de óculos , mostrava insegurança , esperava meia-hora antes da hora marcada seu primeiro amor , estava também ansiosa para saber se era recíproco .
A revolta , a revolta daquele segundo garoto me chamava atenção , estava tentando fugir das regras e junto a isso , fazia cara de mau , como se realmente fosse o natural , bom .. não era , era apenas revolta , o chinelo , o casaco preto , o cabelo liso quase raspado , e os passos marcados como de soldadinhos, me fez rir e a ele também daqui há uns anos .
A menina , a menina corria na frente dos pais , que estavam razoavelmente felizes com a rotina , casal de pouco tempo e de trabalhos distantes , a liberdade dada a menina pela mãe mostrava que era uma mulher de pensamentos aéreos ,me fez pensar que nem se quer tivesse sido mãe, a menina estava na expectativa de mais uma noite divertida .
O estacionamento do mercado estava quase vazio , era fim do mês , cartões e saldos quase nulos .
As plantas precisavam de aparatos , mas o clima talvez não o ajudasse na sua beleza ...”

Me joguei da passarela aos passos longos e rápidos. Já havia passado da hora de estar de voltar para casa ,a arrogância da altura me fez perde o tempo que também por si já é arrogante , alarmes me informavam desse disparato do tempo. Aposto que alguém , talvez da lua , me observava e tivera descoberto tudo. A cada passo me nivelava aos outros.

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